Insomnia !


Ergo-me de entre lençois quentes pela presença tão desejada ... com pedaço de frio, com pedaço de solidão, com pedaço de nada ... levanto o corpo dormente pela duvida constante de quem teme ... fervilha um coração que sente envolto na mente que se perde ... observo ao longe o corpo caiado, embalado em sono profundo, em sonhos encantado ... vontade de aproximação, procurar o conforto, partilhar o espaço desse nosso leito confinado ... mas perdura a incerteza do que os olhos não contam ... preocupa-me a frieza dos momentos que não se encontram ... perco o sono e ponho-me a pensar, em que tamanho seria meu azar se não te tivesse hoje aqui ... mas ergui-me mesmo assim ... perdida em pensamentos que me atormentam ... encobertos pela tipica resposta de tranquilidade, temendo aprofundar assuntos mais crus ... vou-me enganando assim ... voando com as asas que so fazem parte de mim ... não sei como me dar a incertezas ... crio-as, consumo-as, consolido-as e mato-as num processo natural ... consciente que permanece restia de cada etapa no coração que sente e na mente que não esquece ... fortifico e fragilizo, restando pedacinho de gente ... escrevo hoje em refugio, de um sono que não chega ... perguntando-me sobre o paradeiro do conforto que se ausencia nesta noite de entrega ... sinto-te longe na aproximação, vejo nos olhos que existe alguma razão ... não questiono mais do que me sei permitir ... não quero saber mais do que quiseres exprimir ... só sei que a lua vai alto e a noite está fria ... e nem junto a teu corpo encontro hoje o sonho que me adormeceria ... a luz de uma vela imprimo palavras, soltando de dentro o que naturalmente não sonorizo ... guardo-te com carinho no escuro de um quarto que mantenho em silencio preservando teus sonhos ... desbafo na tela de um ecra luminoso os sentimentos que me ultrapassam o pensar ... finalizo com um ponto porque é já hora de fazer o sono voltar ... deito-me inquieta, mas não tanto como quando me ergui ... ouço ao fundo um respirar tranquilo de alguem que se entrega ao sono que perdi ... sopro a vela que ja quase arde sem pavio ... é tempo de deitar meu corpo ... encerrar os olhos ... esquecer que penso ... aquecer-me no frio!


* Boa Noite *


N.P.

Comentários