Lost too Find !



Numa noite sem lua perco o rumo ... queimo-me nas axas de um fogo mal ardido, de uma fogueira que se consome na ausencia de calor ... sinto-me frágil, parada de frente para uma encruzilhada que me absorve todos os sentidos ... o relógio prende-se á imagem, irrita com a cadencia dos ponteiros que me apressam a decisão ... move o chão que me segura, aproxima-me mesmo que estagnada dessa tal encruzilhada que nunca sonhei enfrentar ... possivel fosse pararia o tempo, faria uma pausa nesta sequencia e desenharia minha propria cadência ... talvez assim não me sentisse tão fora de tempo, tão descentrada ... mas não, o relógio não pára, e intensifica o trautear dos ponteiros que ja mais parece que brincam com o meu destino ... é tempo de me decidir, é tempo de mudar de rumo ... talvez fechar os olhos, dar um passo em frente e banir toda e qualquer tomada de decisão ... seria tão mais facil, não ter de escolher ... que me fosse imposto um rumo a seguir, que mais rotundas houvesse banindo todas as encruzilhadas da vida ... fico-me aqui mais um instante, olhando as placas, analisando os horizontes que se me apresentam ... mas perante meu olhar apenas se vislumbram em indefenidas linhas que caem demasiado proximas de meus pés ... por qualquer que seja o trilho a seguir apresentam-se muito poucas certezas que invalidam toda a segurança da decisão a tomar ... é cruel, a indecisão de um ser que sente e que protege ... é ridicula a consciencia de uma mulher que estagna de frente para dois mundos ... fora de tempo, é como se sente, estupidamente perdida em sonhos, vivendo momentos de fantasia em si mesma, ilusões, projecções de coração ... sento-me agora, cansada de não se me empludir qualquer razão nesta alma que se desintegra aos poucos ... há uma decisão a tomar, ficar ou não ficar ... impossivel andar para tras e enquadrar-me noutra fotografia, noutro momento ... sinto na pele o ardor de um fogo que me queima e que a cinzas se vai reduzindo ... pela carencia de lenha, pelo vento que o atormenta e o abafa com tamanha indecisão ... vai-se perdendo a essencia das cores quentes que o enriquecem ... formam-se pequenas nuvens de fumo que se erguem hoje sobre mim ... começo a perder o céu de vista ... encobre-se de incertezas que outrora não fariam sentido ... ocupam-me o olhar, o pensar, retirando-me aos poucos o espaço, a vontade de continuar a sonhar ... não posso, não quero ficar aqui muito mais tempo ...
É tempo de me erguer ...
Olhar em frente ...
Continuar ...

Mas por onde!?


* Quando na poesia adormeço, na melodia procuro um acordar! *

N.P.

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